Avançar para o conteúdo principal

Exames desnecessários em crianças com problemas ortopédicos

A American Academy of Pediatrics e a Pediatric Orthopaedic Society of North America identificaram cinco procedimentos ou exames que podem ser desnecessários na avaliação de pacientes jovens com sintomas de quadril, pé e outras partes do sistema músculo-esquelético. De acordo com a lista, médicos e pacientes devem questionar algumas das abordagens seguintes:

1- Ultrassonografia de rastreio do quadril para descartar displasia congénita quadril em um recém-nascido que não tem factores de risco e quadril clinicamente estável.

A incidência de displasia/luxação do quadril é rara (7 por 1000 nascimentos), e os programas universais de rastreio usando ultrassonografia em lactentes sem anormalidades evidentes do quadril identificam poucos casos e têm uma taxa considerável de falso-positivos. Sem achados físicos ou factores de risco subjacentes,

Uma ultrassonografia do quadril tem custo, exige tempo, e os resultados podem ser enganosos para pais e médicos.

2- Radiografias ou aconselhamento de aparelho corretor ou cirurgia para uma criança com menos de oito anos que tem uma simples marcha nas pontas dos pés.

Esta condição geralmente reflecte a maturação esquelética em curso. A adução dos metatarsos, a ante-versão femoral, e a torção tibial contribuem para o desenvolvimento da condição, e estas tipicamente se resolvem com o crescimento.

A monitorização da marcha é suficiente em consultas de puericultura até a idade de sete ou oito anos, a menos que tropeços ou quedas sejam graves, ou a postura seja assimétrica. Fisioterapia, aparelho corretor ou palmilhas não podem alterar a maturação esquelética.

3- Órteses ou palmilhas não são apropriadas para uma criança com pés levemente planos ou assintomáticos, que são variantes fisiológicas normais.

A observação ou o uso de órteses que não requerem prescrição é suficiente para tratamento dos pés que têm um arco quando a pessoa está na ponta dos pés. Órteses personalizadas não afectam o desenvolvimento do arco.

4- Postergar estudos de imagem avançada (ressonância magnética ou tomografia computorizada) para a maioria das condições músculo-esqueléticas (lesão, dor, deformidade ou infecção) em uma criança até que todos os estudos clínicos, laboratoriais e radiográficos adequados sejam concluídos, incluindo considerar a história familiar.

Os riscos incluem a possibilidade de sedação (ressonância magnética), exposição à radiação (tomografia computarizada) e necessidade de um especialista para repetir o estudo (ressonância magnética). Se a propedêutica indicar necessidade de um estudo de imagem avançado, consulte um cirurgião ortopedista para confirmar a interpretação dos achados.

Não são necessárias radiografias de seguimento para fracturas em “torus” ou em “rodete” do antebraço que não apresentam dor. A imobilização com uma ligadura para punho ou uma tala removível comercial pode ser suficiente para essas fracturas em vez do gesso. A deformidade inicial remodela com o tempo. O tratamento visa principalmente o conforto do paciente.
Se o local não for mais doloroso 3 semanas após a lesão, as actividades normais podem ser retomadas e a radiografia de acompanhamento é desnecessária.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A ortopedia em Angola. Realidade e desafios

A Sinistralidade rodoviária foi o tema principal do primeiro congresso da SAOT, a Sociedade Angolana de Ortopedia e Traumatologia, tudo indica que será o tema principal em muitos outros. Infelizmente, continuamos a enfrentar, agora com mais dificuldades, a mesma epidemia de trauma. Protelamos muitos problemas ortopédicos graves da população, simplesmente, porque estamos limitados ao tratamento principalmente, das víctimas dos acidentes. O nosso  passivo de doentes com deformidades, de infecções recorrentes e de tumores sem tratar é cada vez maior. A situação actual em quase todas as instituições de saúde, publicas ou privadas pode ser resumida assim: A epidemia de trauma desborda a capacidade de atendimento dos ortopedistas. Mais do 80% da actividade cirúrgica está dirigida ao tratamento das fracturas e suas sequelas. Isto consume recursos, tempo e vocação profissional. Os acidentados lotam practicamente todas as camas disponíveis. Os serviços ficam sem espaço para internar doentes com...

Complicações no ombro dos recém-nascidos

No que vai deste ano, tenho assistido 9 recém-nascidos com lesões musculoesqueléticas adquiridas durante o parto. O mais significativo é que nenhum deles tinha qualquer diagnóstico previo. Na maioria a consulta foi agendada a partir da preocupação dos familiares. A tres bebes lhe tinha sido recomendado procurar um ortopedista. Quais foram as sequelas destes recém-nascidos? Foram 3, todas elas facilmente identificáveis, pelo que não se justifica o diagnóstico tardio. Mesmo na ausência de um ortopedista, estas lesões deveriam ter sido identificadas antes da mãe e a criança, terem tido alta da maternidade. 1- Fractura da clavícula Sendo a clavícula o primeiro osso totalmente formado antes do nascimento, não é incomum que seja fracturado durante o parto. Em geral trata-se de uma fractura pouco deslocada visto que o periósteo e os ligamentos à volta estão intactos. O bebé com fractura da clavícula frequentemente é incapaz de levantar o braço afectado (Teste de Moro assimétrico). A causa é a...

Infarto Ósseo e Osteomielite Aguda na Anemia Falciforme. Parte I

A Anemia Falciforme (do latim falci-foice e forme-formato de)  é uma doença hereditária caracterizada pela deformação dos hematíes, que assumem uma forma semelhante à foices ou banana. É um disturbio muito comum na África, na Europa mediterrânea, no Oriente Médio e na Índia. Em Angola é a forma mais frequente de anemia. A célula sangüínea perde sua forma normal arredondada. Aumenta também a aderência na sua superfície, o que combinado com a forma de foices favores à aglutinação e formação de pequenitos coágulos. Como trombos, migram seguindo o fluxo sangüíneo ate chegar a um vaso demasiado estreito para o deixar passar. Obstrui-se a luz do vaso e fica bloqueado o fluxo de sangue. A grandes rasgos é o mecanismo da chamada crise vaso-oclusiva que caracteriza aos pacientes com esta doença. Deformidade da celula sanguinea na Anemia Falciforme Uma das complicações músculo-esqueléticas  mais frequentes da crise vaso-oclusiva  é o Enfarte Ósseo (EO). O infarto desfaz a estrutura  óssea e prov...