Durante outra jornada de trabalho no projecto Ortopedia Sem Fronteiras (OSF), fui confrontado com vários casos de crianças que tinham engolido corpos estranhos, desta vez moedas. Num único dia no CEML, o Centro Evangélico Medico do Lubango vi ao Dr John, cirurgião canadense em visita de trabalho, remover no período da manha três moedas do esófago de três crianças, todas vindas de outros centros de assistência sem meios para fazer o procedimento e falo de hospitais provinciais, sem especialistas nem instrumentos, para remover objectos estranhos engolidos por crianças e eventualmente algum adulto distraído.
Um dois casos foi algo dramático porque a criança, muito pequena, já tinha dificuldade respiratória devido a compressão da traqueia pela moeda, a sua saturação de oxigénio chegou a ser critica, pelo que a habilidade e rapidez do cirurgião foi primordial para evitar um final menos feliz. Outra criança tinha a moeda no esófago a mais de uma semana e quando foi removida mostrava os efeitos do suco digestivo, a corrosão de uma moeda no interior do aparelho digestivo pode ter efeitos nefastos, mais felizmente neste caso o cirurgião não observo lesões nas paredes do esófago. Por outro lado, um objecto estranho nas vias respiratórias pode ser fatal em pouco tempo, tudo depende da magnitude da obstrução e do tempo transcorrido.
Pensei no drama vivido pelos familiares de essas crianças, com a aflição das mesmas percorrendo um trás outros centros médicos onde nada podia ser feito para solucionar o problema, felizmente e pelo recorrente da situação, muitas pessoas estão informadas de que por estas bandas só o CEML tem condições para resolver o problema, por exemplo, uma das crianças de esta manha era do Namibe e as outras dois vinham de municípios da Huila.
Para o pessoal do CEML, estes casos são tao frequentes que decidiram guardar cada objecto removido. Em um frasco de vidro tem montes de moedas de diferentes países, assim como brincos e botões pequenos. O valor das moedas já atinge as 300 Kzas, mais tem moedas de 25 cêntimos de dólar, euros, dólares namibianos e ate yuan, o que indica que nenhuma nacionalidade esta salva. Segundo o responsável do bloco operatório, só este ano são 75 os casos assistidos, o que da uma media superior aos 10 por mês.
É óbvio que são os pais os principais responsáveis pelo cuidado dos seus filhos, mas qualquer um sabe que as crianças são imprevisíveis e que este tipo de acidente acontece em qualquer parte do mundo, cabe ao sistema nacional de saúde estar preparado para solucionar os casos o mais rapidamente possível, ate porque não e um procedimento difícil e os recursos necessários são simples e baratos, um laringoscópio, uma fonte de luz, e uma pinça especial para remover o objecto é ter pessoal treinado no procedimento que deve ser realizado com anestesia geral da criança.
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