No meio rural, onde os ortopedistas são uma espécie rara, médicos da assistência primaria devem estar capacitados para dar tratamento definitivo as crianças com fracturas relativamente simples. Fracturas minimamente anguladas são comuns em crianças e geralmente têm excelentes resultados, independentemente do grau de especialização do medico.
Por exemplo, um estudo prospectivo e aleatório foi feito por Khan et al, para determinar o tempo de permanência dos pacientes no serviço de urgência e a necessidade de re- intervenção posterior pelo especialista. A evolução das fracturas do antebraço distal, tratadas por pediatras nas urgências, foi comparada com as tratadas por ortopedistas de três anos de pós-graduação ou ainda residentes de quarto ano.
Todas as crianças foram revisadas por um cirurgião ortopédico pediátrico que avaliou a pré-redução e a pós-redução mediante radiografias. Cinquenta e duas crianças (idade média, 9,1 anos) foram tratados por médicos de emergência e cinquenta e uma crianças (idade média, 9,7 anos) foram tratadas por residentes de ortopedia. O cirurgião ortopédico cada ignorava quem fez o tratamento em cada grupo de estudo.
Quer tempo de permanência no serviço de emergência, quer os resultados clínicos após redução fechada das fracturas foram similares entre ambos grupos, isto é, os pacientes tratados por “médicos treinados” das emergências e os que foram tratados por residentes de ortopedia tiveram resultados comparáveis. O estudo demostrou que fracturas não complicadas, principalmente de ossos do antebraço distal, do pé, do braço podem ser tratadas convenientemente por médicos não ortopedistas treinados.
Não é aceitável que crianças com fracturas simples aguardem dias ou semanas para serem tratadas por um ortopedistas com fracturas que muito facilmente podiam ser tratadas pelo pediatra o por qualquer outro medico da assistência primaria com algum treino no tratamento destas lesões.
É um facto que a formação em trauma dos médicos em geral é fraca, mas isto pode ser colmatado com a realização de algumas acções formativas por parte da Sociedade Angolana de Ortopedia e Traumatologia, principalmente dirigidos aos médicos que labora em zonas remotas.
Um exemplo disto foi o curso básico de tratamento de fracturas em pediatria realizado no hospital de Caluquembe, no âmbito do projecto Ortopedia Sem Fronteiras.
Pessoal medico e paramédico deste hospital recebeu formação na abordagem das lesões, o curso foi muito valorado pelos assistentes porque este hospital, que atende uma extensa zona da província de Huila, não tem ortopedistas.
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