Avançar para o conteúdo principal

AFRICA. Infecções matam mais jovens que os accidentes.

São as infecções e não os acidentes de viação as que mais vidas de jovens ceifam em África . Segundo um novo relatório da OMS, mais de 3000 adolescentes morrem todos os dias por causa das infecções. São mais de 1,2 milhão de mortes por ano, por causas facilmente evitáveis. Só em 2017 mais de dois terços dessas mortes, ocorreram em países de baixa e média renda de África do Sudeste Asiático.

A maioria dos jovens mortos em acidentes rodoviários são usuários vulneráveis da estrada, como pedestres, ciclistas ou motociclistas. Não entanto, há diferenças entre as regiões. Em 2016, as lesões na estrada estavam entre as principais causas de morte entre os 10-19 anos, resultando em aproximadamente 115 mil mortes. O grupo com idades entre 15-19 anos sofreram o maior fardo.

Mas não são os acidentes a principal causa de morte entre os jovens. É certo que o surto de sinistralidade rodoviária tem ceifado a vida de muitos, todavia estatisticamente são as doenças infecciosas as que mais mortes de jovens provocam.

Considerando apenas África , por exemplo, as doenças transmissíveis como o HIV / SIDA, as infecções respiratórias , como a TB, a meningite e as doenças diarreicas agudas, provocam muitas mais mortes, entre os jovens, do que os acidentes rodoviários. Particularmente em Angola a Tuberculose Extensivamente Resistente disputa à Malária o primeiro lugar na mortalidade.

“Os adolescentes estão quase totalmente ausentes dos planos nacionais de saúde há décadas”, diz Flavia Bustreo, Subdirectora-Geral da OMS.

O impressionante desta situação é que a maioria dessas mortes podem ser evitadas com bons serviços de saúde, educação e apoio social. Nem é preciso implementar novos programas, basta cumprir com os que já foram definidos, mas nunca executados como deviam ser.

Em muitos casos, adolescentes que sofrem distúrbios de saúde mental, uso de substâncias psicotrópicas ou má nutrição não tem serviços de prevenção e assistência, seja porque os serviços não existem, ou porque desconhecem sua existência. Este grupo de risco são o núcleo do elevado numero de mortes por infecções em jovens e adolescentes.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A ortopedia em Angola. Realidade e desafios

A Sinistralidade rodoviária foi o tema principal do primeiro congresso da SAOT, a Sociedade Angolana de Ortopedia e Traumatologia, tudo indica que será o tema principal em muitos outros. Infelizmente, continuamos a enfrentar, agora com mais dificuldades, a mesma epidemia de trauma. Protelamos muitos problemas ortopédicos graves da população, simplesmente, porque estamos limitados ao tratamento principalmente, das víctimas dos acidentes. O nosso  passivo de doentes com deformidades, de infecções recorrentes e de tumores sem tratar é cada vez maior. A situação actual em quase todas as instituições de saúde, publicas ou privadas pode ser resumida assim: A epidemia de trauma desborda a capacidade de atendimento dos ortopedistas. Mais do 80% da actividade cirúrgica está dirigida ao tratamento das fracturas e suas sequelas. Isto consume recursos, tempo e vocação profissional. Os acidentados lotam practicamente todas as camas disponíveis. Os serviços ficam sem espaço para internar doentes com...

Complicações no ombro dos recém-nascidos

No que vai deste ano, tenho assistido 9 recém-nascidos com lesões musculoesqueléticas adquiridas durante o parto. O mais significativo é que nenhum deles tinha qualquer diagnóstico previo. Na maioria a consulta foi agendada a partir da preocupação dos familiares. A tres bebes lhe tinha sido recomendado procurar um ortopedista. Quais foram as sequelas destes recém-nascidos? Foram 3, todas elas facilmente identificáveis, pelo que não se justifica o diagnóstico tardio. Mesmo na ausência de um ortopedista, estas lesões deveriam ter sido identificadas antes da mãe e a criança, terem tido alta da maternidade. 1- Fractura da clavícula Sendo a clavícula o primeiro osso totalmente formado antes do nascimento, não é incomum que seja fracturado durante o parto. Em geral trata-se de uma fractura pouco deslocada visto que o periósteo e os ligamentos à volta estão intactos. O bebé com fractura da clavícula frequentemente é incapaz de levantar o braço afectado (Teste de Moro assimétrico). A causa é a...

Por que políticos africanos procuram cuidados médicos além fronteiras?

 Numa tendência cada vez mais prevalente e intrigante, políticos africanos cruzam as fronteiras do seu país, em busca de cuidados médicos. Essa prática, que desperta questionamentos sobre a qualidade e eficácia dos sistemas de saúde em seus próprios países, é um fenômeno digno de escrutínio e reflexão. Embora seja compreensível que indivíduos influentes busquem os melhores tratamentos disponíveis, a questão ganha dimensões peculiares quando se trata de líderes e representantes políticos. Afinal, esses são os mesmos indivíduos que deveriam, em teoria, estar comprometidos com o aprimoramento dos sistemas de saúde internos e com a garantia de atendimento de qualidade para todos os cidadãos. Uma das razões frequentemente citadas para justificar essa busca fora das fronteiras é a falta de infraestrutura adequada nos sistemas de saúde africanos. Em muitos países do continente, a carência de equipamentos médicos de ponta, a escassez de medicamentos essenciais e a insuficiência de recursos...