Avançar para o conteúdo principal

A ecografia músculo-esquelética.

Durante a segunda metade do século XX, o diagnóstico por imagem em medicina deu um salto qualitativo. Um dos aparelhos que teve melhoras importantíssimas foi o ecógrafo que com a incorporação de sistemas informáticos mais avançados melhorou o processamento de imagens e passou a ser uma ferramenta de primeira linha do diagnóstico em quase todas as especialidades médicas.

MVC-008F
A Dra Carolina Escalda e eu no exame do quadril duma criança em 2004 durante minha formação no Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal

Uma das especialidades que mais rapidamente incorporou o ecógrafo ao arsenal de meios de diagnostico foi a Ginecologia e Obstetrícia. Hoje o exame ecográfico é fundamental no acompanhamento da gravidez desde o primeiro trimestre, período onde o uso dos Rx não é recomendado devido ao alto risco das radiações ionizantes para o feto.
A cardiologia também passou a utilizar o ecógrafo no estudo do coração e a ecografia urológica é indispensável no estudo de qualquer distúrbio no sistema renal.

O ecógrafo é atualmente utilizado também no diagnóstico dos transtornos do sistema musculosquelético. Aparelhos com uma maior definição nas imagens permitiram melhor visualização dos músculos, tendões, vasos sanguíneos e nervos.

Estruturas como a cápsula articular e a cartilagem que praticamente não podem ser observadas na radiografia convencional, tem uma excelente imagem ecográfica o que possibilita o diagnostico de transtornos mesmo em crianças, onde a cartilagem é um elemento anatómico fundamental.

Em 2004 tive o meu primeiro contacto com a ecografia musculosquelética. Num estagio em Portugal, aprendi os rudimentos e posteriormente – quase de forma autodidata –  fui desenvolvendo habilidades e ganhando experiencia. Hoje o ecógrafo faz parte do exame ao paciente se achar necessário. Consigo confirmar quase o 70% dos diagnósticos, principalmente na ortopedia pediátrica.

Passados 16 anos e após mais de 2000 exames realizados chegou a hora de colocar um curso a distancia de ecografia musculosquelética. Fique atento

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A ortopedia em Angola. Realidade e desafios

A Sinistralidade rodoviária foi o tema principal do primeiro congresso da SAOT, a Sociedade Angolana de Ortopedia e Traumatologia, tudo indica que será o tema principal em muitos outros. Infelizmente, continuamos a enfrentar, agora com mais dificuldades, a mesma epidemia de trauma. Protelamos muitos problemas ortopédicos graves da população, simplesmente, porque estamos limitados ao tratamento principalmente, das víctimas dos acidentes. O nosso  passivo de doentes com deformidades, de infecções recorrentes e de tumores sem tratar é cada vez maior. A situação actual em quase todas as instituições de saúde, publicas ou privadas pode ser resumida assim: A epidemia de trauma desborda a capacidade de atendimento dos ortopedistas. Mais do 80% da actividade cirúrgica está dirigida ao tratamento das fracturas e suas sequelas. Isto consume recursos, tempo e vocação profissional. Os acidentados lotam practicamente todas as camas disponíveis. Os serviços ficam sem espaço para internar doentes com...

Complicações no ombro dos recém-nascidos

No que vai deste ano, tenho assistido 9 recém-nascidos com lesões musculoesqueléticas adquiridas durante o parto. O mais significativo é que nenhum deles tinha qualquer diagnóstico previo. Na maioria a consulta foi agendada a partir da preocupação dos familiares. A tres bebes lhe tinha sido recomendado procurar um ortopedista. Quais foram as sequelas destes recém-nascidos? Foram 3, todas elas facilmente identificáveis, pelo que não se justifica o diagnóstico tardio. Mesmo na ausência de um ortopedista, estas lesões deveriam ter sido identificadas antes da mãe e a criança, terem tido alta da maternidade. 1- Fractura da clavícula Sendo a clavícula o primeiro osso totalmente formado antes do nascimento, não é incomum que seja fracturado durante o parto. Em geral trata-se de uma fractura pouco deslocada visto que o periósteo e os ligamentos à volta estão intactos. O bebé com fractura da clavícula frequentemente é incapaz de levantar o braço afectado (Teste de Moro assimétrico). A causa é a...

Por que políticos africanos procuram cuidados médicos além fronteiras?

 Numa tendência cada vez mais prevalente e intrigante, políticos africanos cruzam as fronteiras do seu país, em busca de cuidados médicos. Essa prática, que desperta questionamentos sobre a qualidade e eficácia dos sistemas de saúde em seus próprios países, é um fenômeno digno de escrutínio e reflexão. Embora seja compreensível que indivíduos influentes busquem os melhores tratamentos disponíveis, a questão ganha dimensões peculiares quando se trata de líderes e representantes políticos. Afinal, esses são os mesmos indivíduos que deveriam, em teoria, estar comprometidos com o aprimoramento dos sistemas de saúde internos e com a garantia de atendimento de qualidade para todos os cidadãos. Uma das razões frequentemente citadas para justificar essa busca fora das fronteiras é a falta de infraestrutura adequada nos sistemas de saúde africanos. Em muitos países do continente, a carência de equipamentos médicos de ponta, a escassez de medicamentos essenciais e a insuficiência de recursos...