Sustentável, Resiliente, Inclusivo, Verde, Ecologico, etc.
As palavras de ordem no clube dos que hoje definem o que fazer e como com as nossas vidas. O que é justo ou não, o que é ou não ecológico. Em 2019, Brendan O’Neill, editor da revista Spiked, descreveu os indivíduos que promovem a política woke como pessoas que tendem a ser identitárias, censuradoras e puritanas em seu pensamento. São os “guerreiros culturais que não conseguem aceitar o fato de que existem pessoas no mundo que discordam dele”.
Tenho pensado muito nos perigos do movimento woke para África. É importante esclarecer que as manifestações do movimento podem variar em diferentes contextos e regiões. No entanto, vale a pena discutir alguns dos desafios ou perigos quando aplicado ao contexto africano.
Vale ressaltar que esses pontos devem ser analisados com cuidado e não devem ser generalizados para toda a África, uma vez que o nosso continente é diverso e heterogêneo.
Redução das experiências africanas
Uma caracteristica importante do movimento woke é que ele concentra-se nas experiências e na perspectiva do occidente, o que pode levar à marginalização das experiências e perspectivas africanas. Se adoptamos uma abordagem universalista, podemos ignorar as especificidades culturais e históricas do nosso continente, resultando na minimização ou na falta de compreensão das questões sociais africanas.
Imposição de padrões ocidentais:
O movimento woke, em sua expressão ocidental, pode promover a imposição de padrões e valores culturais ocidentais nas discussões sobre a justiça social na África. Isso pode levar à desvalorização das nossas tradições, costumes e valores, e à marginalização (como já aconteceu no passado) de perspectivas locais fundamentais na abordagem das desigualdades e injustiças do continente.
Ignorância da nossa complexa realidade:
A aplicação de conceitos e teorias do movimento woke à realidade africana pode levar a simplificações e à não compreensão das dinâmicas complexas e multifacetadas dos desafios nas sociedades africanas.
Um exemplo disso é forçar às economias do continente ao uso dos carros electricos. Sejamos realistas, que posibilidades tem um carro electrico no meio da floresta tropical, sem estradas e quase sempre sem electricidade?. Isso resulta em soluções inadequadas ou desconectadas das realidades locais, dificultando o progresso e a justiça social.
Divisões e polarização:
Embora o movimento woke tenha como objetivo combater a discriminação e promover a inclusão, em algumas situações, pode contribuir para a polarização e a fragmentação da sociedade. A ênfase na identidade pode levar a uma visão de mundo que coloca grupos em oposição uns aos outros, reforçando assim as divisões existentes. Isso pode dificultar a construção de pontes e a busca por um entendimento comum. As políticas de integração ou de identidade do gênero devem ser cuidadosamente analisadas no contexto africano.
Negligência de outras questões fundamentais:
Temos muitos e graves problemas. Focar exclusivamente nas questões relacionadas à identidade e justiça social pode negligenciar outros desafios importantes. Desafios só nossos, como pobreza, o acesso à educação, à saúde, a melhoria em infraestruturas e governança. É fundamental garantir uma abordagem holística, que tome em conta uma ampla gama de questões para promover uma verdadeira transformação sustentável e inclusiva.
Em resumo, embora o movimento woke tenha trazido à tona discussões importantes sobre justiça social e desigualdade, só algo céptico acerca da sua implicação em nosso continente. É essencial adaptar essas discussões ao contexto africano, levando em consideração as experiências e as realidades específicas do continente.
Promover o diálogo inclusivo (ainda não programado) que valorize e respeite as nossas perspectivas a procura de soluções que sejam culturalmente sensíveis e contextualmente relevantes.
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